quarta-feira, 10 de abril de 2013

A queridinha da reciclagem


A expressão “fei­­ta com garrafas PET” resulta em mais de 500 mil citações no Google. Não é para menos: proliferam os mais variados tipos de reciclagens e reaproveitamentos a partir dessa embalagem plástica. De trabalhos escolares à matéria-prima na indústria de tecelagem, passando por uma série de projetos inusitados e criativos, a garrafa PET está no topo da lista dos materiais recicláveis mais usados.

Na semana passada, um dos principais prêmios voltados ao estímulo de iniciativas universitárias sagrou vencedor um projeto baseado em garrafas PET. O Instituto 3M deu a vitória a um espaço piloto que avalia o conforto térmico de construções feitas com materiais recicláveis. Comprovada a viabilidade da empreitada, os estudantes pretendem que o modelo de obra seja aplicado em assentamentos e conjuntos habitacionais.

Vantagens

Firme e ao mesmo tempo moldável, o plástico da garrafa PET se adapta com facilidade a um enorme número de projetos. Em comparação com outros materiais, tem a vantagem de ser limpo. Mesmo o baixo valor de mercado, que é um empecilho para que a reciclagem do plástico seja ainda maior – ao contrário do que ocorre com as latinhas de alumínio, por exemplo – acaba sendo uma vantagem para os empreendedores que decidem dar outras utilidades para as garrafas PET.

Há ambientalistas que torcem o nariz para os projetos com as embalagens plásticas, por acreditarem que o processo apenas adia a destinação final do produto e que o necessário mesmo é reduzir o uso. Mas a reciclagem de garrafas PET tem aumentado muito mais do que a produção das embalagens. Enquanto a quantidade do plástico especial – politereftalato de etileno, origem da sigla PET – cresceu 91% em uma década na indústria, o montante reciclado subiu 230% no mesmo período.

O executivo de relações com o mercado da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), Hermes Contesini, comenta que, além de mais iniciativas de reciclagem, o desenvolvimento de técnicas eficientes na produção reduziram a quantidade aplicada de plástico no processo fabril primário.

A estimativa da Abipet é de que a embalagem seja o segundo ou terceiro material mais reciclado no Brasil. O dado mais recente, de 2011, indica que a reciclagem chega a 57,1% (294 mil toneladas) do total produzido ao ano (515 mil toneladas). Atualmente, com faturamento de R$ 1,2 bilhão, a reciclagem responde por mais de um terço de todo o faturamento da indústria do PET no Brasil. Como não pode ser usada na indústria alimentícia depois de reaproveitada, a garrafa PET migra para outros setores fabris. O mercado têxtil é o principal destino, com 40% de tudo o que é reciclado. Mas ainda sobram garrafas para os trabalhinhos escolares.


Fonte: Gazeta do Povo.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Pesquisa aponta que apenas 14% das cidades brasileiras tem Coleta Seletiva de Lixo


Pesquisa mostra que apenas 766 cidades contam com programas de coleta seletiva e atende apenas 14% da população brasileira

Segundo uma pesquisa divulgada pela Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), a coleta seletiva de lixo só existe em 766 cidades brasileiras, um proporção de apenas 14% de todo o território nacional. Em Alagoas, de acordo com o CEMPRE, apenas dois dos 102 municípios alagoanos contam com programas de coleta seletiva.

O Sudeste e o Sul do Brasil são as regiões que mais concentram programas de reciclagem, já no Nordeste, apenas 76 cidades contam com programas de coleta seletiva de lixo e em Alagoas, apenas Arapiraca e Maceió tem acesso a esse processo.

Ainda de acordo com a pesquisa, cerca de 27 milhões de brasileiros (14%) tem acesso a esses programas de coleta seletiva. Um dos fatores apontados pela pesquisa do CEMPRE para que a coleta seletiva ainda não tenha vigorado no Brasil é o alto custo do seu programa em comparação a coleta convencional. O preço médio da coleta seletiva nas grandes cidades calculado pela pesquisa do CEMPRE foi de R$ 212,00, enquanto a coleta regular de lixo custa, em média, R$ 47,50, tornando a coleta seletiva 4,5 vezes mais cara.

Segundo o estudo, papel/papelão são os tipos de materiais recicláveis mais coletados por sistemas municipais de coleta seletiva (em peso), seguidos dos plásticos em geral, vidros, metais e embalagens longa vida. A porcentagem de rejeito ainda é elevada. Faz-se necessário investir em comunicação para que a população separe o lixo corretamente. 

A coleta seletiva dos resíduos sólidos municipais é feita pela própria Prefeitura em 48% das cidades pesquisadas; Empresas particulares são contratadas para executar a coleta em 26%; E mais da metade (65%) apóia ou mantém cooperativas de catadores como agentes executores da coleta seletiva municipal.

Em Alagoas, a coleta seletiva de lixo é realizada por cooperativas, como o Projeto Pitanguinha Minha Vida e o Cooperativa de Catadores da Vila Emater (CoopVila), em Arapiraca, a cooperativa dos moradores do bairro da Canafístula é apoiada pela Prefeitura Municipal.

Além disso, para firmar a Coleta Seletiva em Maceió, a vereadora Heloisa Helena já apresentou um projeto de Lei que torna obrigatória a coleta seletiva em Maceió. O projeto está sendo discutido pela SEPLANDE e pretende implantar o processo nas residências individuais, condomínios e comerciais, estabelecimentos comerciais, industriais, órgãos públicos federais, estaduais e municipais, bem como nos eventos promovidos por organizações públicas e privadas no âmbito da capital alagoana.

Além disso, a SEPLANDE já conta com projeto Coleta Óleo, para reciclagem de óleo de cozinha, e a inclusão produtiva, com participação efetiva na construção do decreto estadual que instituirá o Programa Alagoas Catador.


Confira a pesquisa completa clicando aqui.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Licenciamento ambiental será simplificado

O processo de licenciamento ambiental vai passar por mudanças profundas, medidas que têm o propósito de tornar mais rápida e eficiente a liberação de grandes obras de infraestrutura do país. Segundo apurou o jornal Valor Econômico, duas ações que já estão em curso terão impacto direto nas rotinas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, consequentemente, na execução dos empreendimentos, principalmente aqueles que fazem parte do pacote de concessões já anunciado pelo governo.

Por meio de um decreto que está sendo amarrado por uma comissão tripartite - União, Estados em municípios -, o governo vai detalhar, especificamente, qual é o tipo de obra que cada um terá que licenciar a partir de agora. A medida terá reflexo instantâneo nas operações do Ibama, órgão que hoje gasta tempo precioso envolvido com o licenciamento de milhares de pequenas operações. Nas prateleiras do instituto há, por exemplo, uma série de processos de licenciamento de hotéis e quiosques à beira-mar, apenas porque estão localizados de frente para o oceano.

Outra medida crucial, e que deverá animar o setor privado, diz respeito aos estudos necessários para se obter o licenciamento de cada empreendimento. Todas as obras de infraestrutura do país deixarão de exigir, exclusivamente, a elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima).

Por envolver uma avaliação mais complexa e aprofundada dos impactos causados ao meio ambiente, o EIA-Rima é um relatório caro, porque demanda tempo e um grande conjunto de especialistas para ficar pronto. Em média, é preciso gastar cerca de um ano na elaboração de um Eia-Rima para se obter o licenciamento de uma estrada, por exemplo.

A decisão do Ibama é que, a partir de agora, muitos empreendimentos terão de apresentar apenas um Relatório Ambiental Simplificado (RAS). Como o próprio nome indica, esse tipo de estudo se baseia em uma quantidade menor de informações, reduzindo custo e tempo de conclusão. O pacote de concessões de rodovias, que engloba a transferência para a iniciativa privada de 7,5 mil quilômetros de estradas federais, será a primeira experiência prática do novo tratamento.

O licenciamento ambiental da BR-040, que liga Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, e da BR-116, em Minas Gerais, deverá ter uma série de trechos onde o Ibama exigirá apenas o relatório ambiental simplificado. A decisão, já comunicada ao Ministério dos Transportes e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), foi coordenada entre o Ibama e a recém-criada Empresa de Planejamento e Logística (EPL).

Essa mesma lógica de licenciamento valerá para todos os demais tipos de empreendimentos: ferrovias, portos e aeroportos. O EIA-Rima continuará a ser peça fundamental do licenciamento ambiental, mas só será exigido quando a situação, de fato, exigir um estudo aprofundado dos impactos que serão causados pela obra.

As informações foram confirmadas pelo presidente do Ibama, Volney Zanardi. "O licenciamento ambiental precisa mudar. O que nós pudermos tratar da maneira mais simples, vamos tratar. Aquilo que precisar de mais aprimoramento, terá o Eia-Rima. Estamos qualificando o processo de licenciamento ambiental, e isso já começou a funcionar", disse Zanardi, em entrevista ao Valor.

As mudanças, segundo o presidente do Ibama, não significam que o instituto estará facilitando a vida dos empreendedores para execução das obras. "Teremos mais agilidade, mas isso não tem nada a ver com perda de qualidade. Você pode ter um bom licenciamento ambiental obtido por meio de um relatório simplificado. Por outro lado, pode chegar a um péssimo licenciamento baseado em Eia-Rima. A questão é qualificar o que é preciso para aquela obra", disse.

"A BR-163, por exemplo, chegou a ter pedidos de licença prévia para trechos de apenas cinco quilômetros. Há casos de Eia-Rima para a construção de uma terceira faixa. Não podemos continuar a usar tão mal a ferramenta de licenciamento", afirmou o presidente do Ibama.

O reposicionamento do governo no trato ambiental vai incluir ainda um tratamento específico para cada tipo de empreendimento. Haverá um conjunto de avaliações técnicas para cada impacto envolvido. "O licenciamento até agora era um tipo de instrução legal geral. Agora passaremos a ter normas mais específicas para cada tipo de projeto. Vamos cada tipologia, individualmente."

Até o fim deste mês, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) deverá apresentar proposta com novas resoluções do licenciamento ambiental atreladas a grandes empreendimentos, principalmente aqueles relacionados ao setor elétrico, como construção de barragens e linhas de transmissão. Será uma reunião técnica, limitada a especialistas do setor. A avaliação geral do conselho, que define novas regulamentações do setor, é que o atual sistema de licenciamento ficou ultrapassado e não acompanha a atual realidade do país.

No mês passado, durante encontro do Conama, a secretária-executiva do conselho e ex-presidente do Ibama, Marília Marreco, citou exemplos preocupantes que precisam de uma definição mais clara, como a instalação de torres de usinas eólicas.

Para Zanardi, o licenciamento ambiental foi transformado em um grande executor de políticas públicas, onde a fiscalização ambiental ficou prejudicada. "O licenciamento ficou preso em uma política de "Robin Hood", tirando de quem tem mais para dar para quem tem menos. Não é esse o seu papel."


Fonte: Valor Econômico – 07/10/2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pnuma: produção de lixo no mundo saltará para 2,2 bi de t


O volume de resíduos urbanos (lixo) produzido no mundo deve saltar de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões de toneladas até 2025, de acordo com estimativa do Programa da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Para a organização, a gestão de resíduos se torna cada vez mais crucial para a promoção da sustentabilidade ambiental.

"As necessidades humanas básicas, como água limpa, ar puro e segurança alimentar, são prejudicadas por práticas de gestão de resíduos impróprias, com graves consequências para a saúde pública", advertem os especialistas da organização que participam do encontro Parceria Global sobre Gestão de Resíduos, em Osaka, no Japão.

Documento do Pnuma informa que, "se tratada adequadamente, a gestão de resíduos tem um enorme potencial para transformar problemas em soluções e conduzir o caminho para o desenvolvimento sustentável por meio da recuperação e reutilização de recursos valiosos".

Relatório da organização indica que, no norte da Europa, a reciclagem de uma tonelada de papel ou alumínio economiza mais de 600 quilos e 10 mil quilos de dióxido de carbono, respectivamente. Outro levantamento revela que há 65 vezes mais ouro em uma tonelada de celulares velhos do que em uma tonelada de minério.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Brasil bate novo recorde de reciclagem de latinhas


Palmas para os catadores de latinha de alumínio. O Brasil bateu o recorde de reciclagem de latas em 2011. Foram 250 mil toneladas, o que corresponde a 98,3% do total produzido no Brasil naquele ano, de acordo com dados da Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade) e a Abal (Associação Brasileira do Alumínio).


O recorde anterior era de 2009, quando 98,2% das latas foram recicladas. Com isso, o Brasil continua na liderança mundial da reciclagem deste material.

A reciclagem ajuda não só a tirar a lata dos aterros sanitários (estamos sem espaço para tanto lixo!), ele também ajuda na questão da mudança do clima. Ainda de acordo com o relatório divulgado pela Abralatas e a Abal, o processo de reciclagem libera apenas 5% das emissões de gás de efeito estufa, se comparado com a produção do alumínio primário. As entidades dizem ainda que para cada quilo de alumínio reciclado, cinco quilos de bauxita (minério que gera o alumínio) deixam de ser extraídas.

Então já sabe, quando aquele tiozinho vir pedir a sua lata para reciclar, não negue se já estiver terminando. Dê o último gole com gosto, sabendo que o trabalho dele é um grande favor para todos nós.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Comércio internacional de lixo já preocupa governos


Comerciantes clandestinos burlam as normas legais e transferem resíduos proibidos



Remonta à Idade Média o ditado popular que diz que o lixo de um homem é o tesouro de outro. Hoje em dia, o “lixo” de um país passa a ser a riqueza de outro: nações exportam a cada ano centenas de toneladas de materiais que não desejam mais.

O comércio é feito de forma legal e ilegal, segundo autoridades, e causa ganhos e perdas. O governo brasileiro, por exemplo, trabalha para diminuir a quantidade dos resíduos trazidos de fora.

No Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente, resíduos sólidos são divididos entre os que podem ser importados (sucata metálica, resíduos de PET e alumínio, entre outros); os que estão proibidos (metais pesados como chumbo, mercúrio e cádmio e eletrônicos usados, entre outros); e os que têm a importação controlada caso a caso.

Materiais que já são reciclados ou coletados por aqui são importados por dois motivos: é mais barato ou a capacidade de reciclagem não atende às necessidades da indústria. “Quando os resíduos estão dentro das regras, a legislação brasileira permite esse tipo de importação”, explica a gerente de resíduos perigosos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Veloso.

Ela afirma, porém, que o governo sabe que há importadores que aproveitam para trazer materiais que não seriam aprovados, declarados como resíduos legais. É o caso de contêineres com lixo hospitalar que chegaram a Pernambuco ano passado, vindos dos EUA.

Em relação a resíduos com utilidade para a indústria, o governo pretende até 2014 diminuir a necessidade de importação. Uma das estratégias é obrigar municípios a adotar coleta seletiva, com a participação de catadores. Outra é estender a logística reversa — obrigatoriedade de fabricantes arcarem com embalagens — a mais produtos.


No caso do alumínio, a importação é necessária

Você sabe de onde saiu a latinha de cerveja que pretende beber hoje? São cada vez maiores as chances de ela ser feita de metal reciclado de fontes tão distintas como Estados Unidos, Albânia ou Oriente Médio. O motivo é que, mesmo com grandes índices de reciclagem, a indústria do alumínio precisa importar 40 mil toneladas de material por ano devido ao aquecimento da economia.

Na semana passada, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade informaram que o país reciclou 248,7 mil toneladas de latas de alumínio para bebidas, das 253,1 mil disponíveis no mercado em 2011. Ainda assim, o número não basta para abastecer a indústria.

Trazer de fora, segundo especialistas, ajuda ainda economizar a energia gasta na fabricação inicial das latas — a usada nas recicladas é 95% menor.

“As empresas que processam as latas têm capacidade instalada maior do que 100% do que é recolhido. Importar, então, se justifica do ponto de vista econômico e ambiental”, explica o coordenador da Comissão de Reciclagem da Abal, Carlos Roberto de Moraes. 

Fonte: O Dia