sexta-feira, 20 de julho de 2012

Usp forma primeiro centro do país a unir pesquisadores de resíduos sólidos


Centro mulltidisciplinar envolve especialistas em tecnologia, saúde,
direito e meio ambiente, entre outras áreas | Foto: Wikimedia

A produção de lixo no Brasil está aumentando. Em 2010, o país gerou 60,8 milhões de toneladas 6,8% a mais que em 2009 e seis vezes mais que o crescimento populacional do período. Mais de 40% dessa quantidade vão parar em lixões ou aterros controlados, que causam prejuízos ao meio ambiente e à saúde de trabalhadores do setor.

Recém-criado e primeiro numa universidade brasileira, o Centro Multidisciplinar de Estudos em Resíduos Sólidos (CeRSOL) da USP quer usar a expertise acadêmica para ajudar a reverter a situação. Mais de 50 pesquisadores, incluindo cerca de 20 professores, estão em contato para debater o tema e colaborar em pesquisas, seminários e publicações. O objetivo é ampliar o conhecimento na área e encontrar soluções tecnológicas em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Cada um contribui com os estudos que realiza sob a perspectiva da área em que atua: engenharia, energia e urbanismo, além de direito, medicina, ciências humanas e economia. Especialistas da Unicamp e da PUC-SP também fazem parte do grupo. Queremos levar nossos trabalhos a prefeituras, industrias e à sociedade em geral, planeja Jorge Alberto Soares Tenório, coordenador do grupo e professor da Escola Politécnica (Poli) da USP.

Para compreender de modo abrangente o tema dos catadores de lixo, por exemplo, é preciso passar por diferentes áreas de pesquisa. Primeiro, as ciências humanas e a educação avaliam os mecanismos de inserção social e o exercício da cidadania pelos profissionais. Depois, dentro da área legal, é necessário entender os aspectos legais e como se dá a organização do trabalho. À medicina e à saúde pública, cabe avaliar as condições de saúde dos catadores, que podem ser afetadas pelo trato com resíduos. Já a tecnologia vê o modo como eles podem contribuir para a valorização dos resíduos e, assim, aumentar os ganhos para a sociedade.


Metas
Os dados expostos no início da reportagem mostram o tamanho do desafio que o país tem pela frente. Eles fazem parte da pesquisa Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil 2011, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Medidas efetivas e integradas para resolver o problema estão em discussão no momento. O ponto de largada foi a PNRS, elaborado pelo governo federal em 2010.

A Política prevê a eliminação dos lixões e a criação de metas para a reciclagem no Brasil. Atualmente, a região da grande São Paulo recicla menos de 2% do que é gerado. O ideal seria elevar esse índice para pelos menos 20%, aponta Tenório. A Suécia, campeã do mundo no assunto, recicla atualmente mais de 70% do lixo.

A elevação das metas é um objetivo mundial. O interesse sobre o assunto cresce em todo o mundo, e também no Brasil. Mas para a gente, diferentemente de Europa ou Japão, a grande oferta de espaço físico faz a questão não parecer tão urgente. Precisamos reverter isso, diz Denise Crocce Romano Espinosa, professora da Poli e membro do CeRSOL.

O CeRSOL está organizado em diferentes coordenações: educação ambiental, direito ambiental, políticas públicas, medicina ocupacional, tecnologia e cadeias produtivas.


Interação
Ainda que iniciado recentemente, o CeRSOL já organizou um seminário internacional no último mês de junho na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, com a presença de pesquisadores de sete países europeus para apresentarem as experiências no tema. Foi durante esse evento que o centro foi oficialmente lançado.

A comitiva da USP no Rio+20 e o evento São Paulo Mais Limpa, com a Rede Globo, também contaram com ampla presença de integrantes do CeRSOL.

A necessidade de integração entre diferentes faculdades e as eventuais divergências de opiniões entre especialistas de diferentes áreas são vistas com bons olhos pelos membros. Elas existem e podem ser muito frutíferas a todos. Assim podemos desenvolver uma visão consistente de todos os aspectos envolvidos na questão, diz Denise Espinosa.

Fonte: USP

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